Para quem duvida que o mês de agosto é cheio de energias negativas na
vida das pessoas, e até chamado de mês do "cachorro louco", não imagina a
tensão que reserva na política mato-grossense neste mês acusações de
corrupção das autoridades e o papel de políticos do Estado.
Pelo menos três assuntos nacionais vão mexer com a eleição em Cuiabá e a
imagem de políticos locais a partir da semana que vem. Os temas estarão
na mídia e no debate dos cidadãos, com o julgamento do Mensalão
(classificado pelas revistas semanais como o julgamento do século) e as
convocações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do
Cachoeira no Congresso Nacional.
O caso do Mensalão terá momentos de deliberação a partir da segunda
quinzena de agosto e início de setembro, justamente no momento crítico e
decisivo da campanha eleitoral.
A comissão investiga atos de corrupção de funcionários públicos e de
executivos da empresa Delta junto ao governo federal e estaduais.
A CPMI se torna mais reflexiva para Mato Grosso pelo fato de ter o
senador Pedro Taques (PDT) como um dos membros titulares. Além de que no
STF há um ministro mato-grossense, Gilmar Mendes, que votará no
processo do Mensalão.
Personagens
No caso da investigação parlamentar, a pedido do deputado federal Filipe
Pereira (PSC-RJ), a CPMI deve decidir em sessão se convoca ou não o
governador de Mato Grosso, Silval Barbosa ((PMDB). O governador apoia a
candidatura do médico Lúdio Cabral (PT) a prefeito de Cuiabá.
Silval Barbosa pode ser chamado pelos indícios encontrados na
investigação da Polícia Federal de que o contraventor Carlinhos
Cachoeira poderia ser beneficiado com algum ato de corrupção para comandar a loteria do Estado (Lemat).
Outro caso foi a revelação de gravações da Polícia Federal de que Cachoeira teria interesse em vender serviços de mailing eletrônico para propaganda eleitoral ao governador Silval Barbosa e o prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB).
Silval já negou os dois casos e diz não conhecer e nem ter feito reunião com ele, assim como o prefeito de Cuiabá.
O relator da CPMI, deputado federal Odair Cunha (PT-MG) já definiu como
prioridade a convocação do ex-diretor geral do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, já na primeira
quinzena de agosto. A comissão já aprovou a convocação dele.
Pagot foi homem de confiança e secretário da gestão do ex-governador e
senador Blairo Maggi e, assim como Pedro Taques, apoia o candidato do
PSB à Prefeitura de Cuiabá, empresário Mauro Mendes.
Cachoeira foi preso no final de 2011 com a operação Monte Carlo da Polícia Federal.
Mensalão
No Mensalão, o foco que chama a atenção da política mato-grossense é o deputado federal Pedro Henry
(PP) como réu no julgamento do Supremo Tribunal Federal (ST) que começa
na próxima quinta-feira, dia 2. Ele é um das 38 pessoas da alta cúpula
da República brasileira que respondem pelos crimes de formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro.
De acordo com a programação divulgada pela direção do STF, a defesa do
advogado de Pedro Henry deve ser feita no dia 8 de agosto, uma
quarta-feira. No dia 2, o início do julgamento se dará com a leitura do
relatório do proceso do ministro Joaquim Barbosa e posterior acusação do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Os ministros começam a votar sobre o processo em sessões no STF a partir de meados de agosto.
O Mensalão é considerado o principal escândalo de corrupção do primeiro
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e consistia no
desvio de recursos públicos e fraudes de contratos para formar caixa
para comprar apoio de parlamentares no Congresso Nacional a favor do
governo petista, com pagamento de um valor mensal a eles.
O ex-presidente nacional do PTB, ex-deputado federal Roberto Jefferson denunciou o esquema do Mensalão e acabou como réu.
Em todos esses casos de desvios de autoridades de Mato Grosso, qualquer
manobra diversionista conta como ponto para amenizar o desviar a atenção
da imagem negativa das autoridades.
"Todos os políticos já começaram a rezar para que um bom desempenho do
Brasil nas Olimpíadas chame a atenção e faça as pessoas esquecerem um
pouco da política", comenta um líder político que pede anonimato.
Assim como Henry, figuram como réus no processo o ex-ministro dos
Transportes Anderson Adauto, o ex-secretário da Secretaria de
Comunicação da Presidência, Luiz Gushiken, o marqueteiro do presidente
Lula em 2002, Duda Mendonça, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o
ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, homem forte do governo em 2005,
quando foi deflagrado o caso.
Além do ex-presidente do PT na época, José Genoíno e do ex-presidente da
Câmara dos Deputados no período, João Paulo Cunha (PT-SP).
Outros ingredientes
Emblemático, o julgamento do Mensalão tem série de ingredientes que paracem ter sido extraídos de filmes de suspense.
Um deles é que um dos ministros do STF que votam, Gilmar Mendes, foi denunciado na sexta-feira (27) pela revista Carta Capital
de ser beneficiário com recurso do caixa dois da campanha à reeleição
do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. O
ministro nega a acusação.
Outro detalhe é que o ministro Cezar Peluso se aposenta compulsoriamente
no dia 3 de setembro por completar 70 anos. Ou seja, bem no período de
decisão do caso no STF.
Para completar o roteiro cinematográfico de julgamento do Mensalão, o
ministro José Antonio Dias Toffoli já foi advogado do PT e
advogado-geral da União na gestão de Lula. Ele pode se declarar impedido
no processo.
Por: Olhar Direto
Home
/
Uncategories
/
Agosto do 'cachorro louco': Mensalão e convocação de Luiz Pagot e Silval em CPMI
0 comentários :
Postar um comentário
Deixe seu Comentario