Data de 1.884, a
caminhada dos índios bakairis pelas margens do Rio Arinos até as terras
localizadas na região da MT-240, há 138 kms da cidade de Nobres, em
direção à Santa Rita da Trivelato, cujo território um dia já pertenceu ao
município de Nobres. Muita gente ainda diz desconhecer que no município de
Nobres tenha uma aldeia indígena centenária, como conta o cacique Arnaldo Silva,
atual líder indígena, que comanda a comunidade há pelos menos uma década.
Com uma população
crescente e estimada em pelo menos 200 habitantes para uma área
territorial de cerca de 37 mil hectares, os bakairis vieram da região de
Paranatinga, onde habitam integrantes dessa mesma etnia. Em Nobres, a
comunidade indígena é dividida em duas comunidades, sendo a da Aldeia
Santana, sob o comando do cacique Arnaldo, e a Aldeia Nova Canaã, sob a
direção do cacique Jair, esta, formada por evangélicos.
A comunidade indígena
bakairi tem forte ligação com a cidade de Nobres, para onde se dirigem os
seus integrantes em busca de tratamento de saúde, para aquisição de
gêneros de primeira necessidade, entre sal, óleo, açúcar e outros
produtos, inclusive serviços bancários. No que se refere a saúde
indígena, o posto e a visita médica são assuntos ligados à Funasa, com
apoio e técnicos da própria comunidade, sendo que apenas uma técnica de
enfermagem tem os serviços terceirizados e não pertence a etnia.
Na aldeia, sob a
coordenação da Funai, funciona uma unidade escolar municipal, um posto de
saúde e o coordenador indígena (Altair) que representa a Funai reside a
poucos metros da escola, onde se leciona, principalmente, a língua
bakairi. A Escola Municipal “Olavo Mendes” recebe apoio pedagógico e
didático da Prefeitura Municipal de Nobres.
Com ao menos 130 anos de
existência em Nobres, os bakairis ainda caçam, pescam e cultivam as
culturas do arroz, do feijão, da mandioca e frutas, sempre com amparo dos
técnicos da Empaer, escritório de Nobres.
No último dia 19 de
abril, Dia do Índio, a comunidade bakairi esteve em festa, com churrasco e
a realização de dança típica. Uma nova oca foi preparada para o culto à
dança indígena em local onde não se permite imagem do seu interior, como
conta André, um dos educadores que atuam na alfabetização dos irmãos
bakairis. A dança indígena é um culto comum entre eles e serve
ao congraçamento ou, se comparado à vida do homem branco, uma forma
de promover encontros entre os membros da comunidade para o lazer e
o entretenimento.
Mas entre os indígenas,
o futebol é o esporte preferido, sendo praticado por homens e mulheres nos
fins de tarde. Mas, o mais importante nesse contexto é a presença de um
povo em um território que está sendo dizimado em seu entorno pelo
agronegócio. A presença dos índios bakairi nesse território, de cerca de
37 mil hectares, com seus costumes, suas tradições ainda é uma das mais
importantes referências culturais no município de Nobres.
Muitos deles trabalham
em fazendas espalhadas pela região ou seguem para a cidade em busca de
emprego e renda, porém, sem perder a identidade cultural. Há casos de
bakairis com formação de nível superior e até palestrantes, com boa
bagagem internacional. A importância da preservação dos hábitos e
costumes dos seus ancestrais é que tem garantido a permanência desse povo
nesse pedaço de chão, como a uma ilha, cercada de fazendas e de interesses
ligados ao agronegócio por todos os lados.
Pacificamente, os
bakairis transitam entre a cidade e as suas terras sem perder a identidade
cultural e com o bom hábito de receber bem os visitantes e de mostrar a
sua cultura e os costumes seculares. Eles possuem luz elétrica, tem
internet, assistem tevê, ouvem rádio, mas não abandonam a língua pátria
nas conversações, mesmo quando estão presentes os não índios.
O cacique Arnaldo é a
figura representativa do líder e tem esposa e filhos, com a missão de
manter viva a cultura indígena. Para o município de Nobres, esse
território é uma das últimas fronteiras intocadas e capaz de garantir
visibilidade nacional e internacional em face da preservação da mata
nativa, dos costumes e tradições de um povo que parece sentir a pressão do
agronegócio ao redor de suas terras.
(De Nobres – Benedito Fernandes
de Souza).
http://www.24horasnews.com.br/noticias/ver/comunidade-indigena-bakairi-r-uma-historia-de-130-anos-em-nobres.html#sthash.DZIxFOwX.dpuf
1 comentários :
Hoje a terra indígena Santana município de nobres conta com três aldeia ,aldeia Santana , aldeia nova Canaã, e o aldeia indígena igu, íâ, o. Com o comando do cacique Jurandir Kayano Bakairi.
Postar um comentário
Deixe seu Comentario